As perturbações psiquiátricas são muito diversas nas suas manifestações, tanto nas vivências como nos comportamentos. Receios irracionais vividos com grande dramatismo, estados de tristeza intensa e profundo desânimo, experiências fora do normal, estranhas para o próprio e para os outros, revelam a complexidade da mente humana e a sua fragilidade. O
Dia Mundial da Saúde Mental tem uma data no calendário –
10 de Outubro. Com o intuito de não ignorar o referido dia, quisemos saber quais as doenças do foro psíquico mais comuns no nosso País. Descubra quais e saiba mais sobre o que mais perturba as mentes portuguesas...
Depressão - Há vários tipos de depressão, que diferem nas causas, manifestações, gravidade e evolução. No entanto, podem encontrar--se factores comuns biopsicossociais, em diferente proporção, em todas as formas de depressão.
Segundo o director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Júlio de Matos, Dr. José Manuel Jara, «nos estados depressivos há uma diminuição significativa do ânimo e do estado do humor, em desproporção com as circunstâncias, tanto na intensidade como na duração dos sintomas».
Além da diminuição do humor, caracterizada pela tristeza e desânimo, contam--se também a perda de interesse e prazer e uma diminuição da energia, com fadiga e lentificação.
Outros sintomas frequentes são a diminuição da auto-estima, do desejo sexual, as ideias de culpa exageradas e o pessimismo. O doente passa, ainda, por uma diminuição da concentração e memória, por alterações do apetite e do peso, bem como por alterações do sono. As ideias e actos de suicídio também fazem parte da sintomatologia depressiva, sendo este um aspecto da maior importância e maior risco, a que, quer a família, quer o médico ou o próprio paciente devem estar atentos. Para cada pessoa pode haver sinais mais típicos no início da depressão.
Esquizofrenia - A esquizofrenia é uma doença com sintomas mentais que abrangem a percepção, o pensamento, a vontade, os afectos e as emoções, de um modo qualitativamente diferente da psicologia normal.
O doente passa por experiências estranhas e bizarras, que vão desde o sentir-se o centro do mundo, ao ouvir vozes que levam o doente para um mundo imaginário povoado por «outros», passando pelas ideias muito fora da realidade, que defende com forte convicção. Estes sintomas contrastam com outros, designados «negativos», menos visíveis, mas muito incapacitantes, como a perda da vontade e do contacto afectivo, empobrecimento do pensamento e da linguagem.
Durante as fases agudas, a pessoa pode sentir um medo intenso, ficar agitada ou ficar imóvel e alheia e, por vezes, ter comportamentos agressivos.
Devido à gravidade da perturbação mental, o indivíduo isola-se e fica desadaptado nas relações humanas e na capacidade de lidar com a vida.
Ansiedade - A ansiedade corresponde a uma reacção emocional extremamente comum.
José Manuel Jara considera que estar ansioso no sentido psicológico é reagir com activação emocional para melhorar a resposta numa situação de maior exigência, com risco de falhar. Esta reacção faz--se «com aumento da atenção e concentração e outros parâmetros biológicos neurovegetativos, como o aumento do tónus muscular ou o aumento do ritmo cardíaco».
Até um certo nível, esta activação psicobiológica é benéfica, na medida em que melhora a performance adaptativa numa situação de dificuldade. No entanto, a ansiedade torna-se patológica se exceder esse nível e funcionar com desgaste emocional improdutivo.
José Manuel Jara adverte que «será errado banalizar a ansiedade patológica como se fosse benigna, sem consequências, quase um modo de ser e estar na vida».
A ansiedade pode corresponder a uma perturbação emocional de adaptação ao stress ou a um conflito. Pode, também, ser expressão de um traço de personalidade, que se acentua a partir de uma certa fase da vida, com sintomas frequentes de preocupação e de receios por tudo. Pode, ainda, manifestar-se sob a forma de crises repetidas de pânico, com o medo súbito de morrer ou perder o controlo: resulta muitas vezes em medo de sair de casa, andar em transportes ou viajar.
Outras situações clínicas há em que a ansiedade se manifesta sobretudo na esfera da relação social, com inibição de contactos e grande mal-estar na relação social. E outras, como o stress pós-traumático, com o reviver intenso da experiência do trauma agudo, acidente, catástrofe, violência…
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Médicos de Portugal