Perturbações de pânico são mais frequentes com o calor
Doença atinge mais mulheres do que homens e é, muitas vezes, acompanhada de agorafobia
As perturbações de pânico tendem a aumentar com o calor e com as mudanças bruscas de temperatura. Os diagnósticos errados e tardios, devido à falta de informação, acabam por agravar a doença.
Sempre que o calor aperta, os pedidos de ajuda disparam, quer por parte de quem já está em tratamento, quer de pessoas que nunca antes tinham procurado o consultório de Madalena Lobo, psicóloga clínica e especialista em ansiedade. Não há respostas claras para a subida do pânico com o calor, mas "há mais casos e são em grande número para ser apenas coincidência", afirma a psicóloga.
" Não nos conseguimos proteger do calor como do frio. Quando está frio, agasalhamo-nos e o corpo não tem que ajustar-se. No calor, por mais que a pessoa se dispa tem calor, e tem suores, que são também uma resposta do corpo muito semelhante para a ansiedade e o medo. E, quando a pessoa sente calor, tem geralmente maior dificuldade em respirar", explica.
Normalmente, as pessoas apercebem-se que têm uma perturbação do pânico após algumas visitas a urgências hospitalares. "As pessoas levam anos convencidas de que têm um problema físico, porque os sintomas são tão reais que custa a acreditar que não seja um problema estritamente médico e grave. Queimam anos a sofrer por falta de informação", explica Madalena Lobo. "É frequente receber clientes que já consultaram vários médicos, antes de um diagnóstico correcto", diz. Lembra ainda que uma em cada 75 pessoas sofre de pânico. "Apenas uma em cada quatro pessoas que sofre de perturbação do pânico acaba por receber tratamento adequado", segundo estudos norte-americanos", acrescenta.
Nuno Mendes Duarte, também psicólogo e especialista em ansiedade, revela que os sintomas mais comuns de um ataque de pânico são dor no peito, ritmo cardíaco acelerado, tonturas, sensação de desmaio, náuseas, perturbação gastro-intestinal súbita, sudação, tremuras e dormência ou formigueiro nos membros superiores ou inferiores. "Um ataque de pânico dura, em média, 10 a 15 minutos. Por vezes, é tão assustador que a pessoa pensa que vai morrer ou enlouquecer", sublinha. O especialista frisa ainda que esta é uma doença democrática. "Não atinge apenas mentes fracas. Atinge personalidades fortes, eficientes e pessoas muito racionais".
A perturbação do pânico - que atinge mais mulheres que homens - pode ser acompanhada de agorafobia, um medo intenso de estar em locais de onde resulte difícil ou embaraçoso sair. O medo é tão forte que as pessoas tendem a evitar determinados locais. Muitas refugiam-se em casa.
Fonte: JN
publicado por Hugo Jorge às 09:59