Hoje de manhã bem cedo fui despedir-me da Ana. Partiu pelas 6h00 em direcção a Maputo e apenas chegará a Barcelona pelas 11h30 de amanhã.
A Ana é uma médica catalã que esteve com os Medicus Mundi Catalunya durante quatro meses a trabalhar na área da saúde na província de Gaza.
Depois de uma despedida emocionalmente forte, cheguei a casa e decidi dar vida ao blog [desculpem a falta de novidades] e coloquei o seguinte texto no blog. Mas só durante a tarde percebi a ligação entre a partida da Ana e o que diz o texto. Espero que gostem.
Onde é a minha casa? É um bom princípio para qualquer um de nós. Na realidade, é o princípio, quando nos damos conta que falta alguma coisa. Não sabemos o quê. É um mistério. Contudo temos esta sensação, há uma espécie de acordar para o que poderíamos chamar espiritualidade, ou apenas consciencialização, e começamos à procura do que falta, sem mesmo saber o que é. A mente desperta está sempre a enviar-nos uma espécie de sinal. A mente desperta, ou o que quer que lhe queiramos chamar, está sempre a tentar emergir, a chamar-nos de volta a casa. Alguém disse que o nosso único mal, são as saudades, e que temos saudades porque não estamos em casa; e contudo, claro, seja onde for que estejamos, estamos em casa. Mas não o sentimos; sentimo-nos alienados da nossa própria casa e de nós mesmos. Penso que uma das coisas que sempre procuramos, é perceber como estar em casa seja onde for que estejamos, como estar em casa no nosso próprio corpo, como estar em casa em nós mesmos. É como um instinto “caseiro”. Somos como o pombo-correio que parece sempre ter este extraordinária habilidade de saber como encontrar o caminho para casa.
Do livro Big Mind, Big Heart, de Genpo Roshi, tradução de Margarida Cardoso