Os países com o Produto Interno Bruto mais elevado e os países mais pobres têm uma taxa de incidência mais alta de casos de bullying em contexto escolar, quando comparados com os países ‘medianos’, como Portugal.
A professora e investigadora Susana Carvalhosa, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada e da Universidade de Bergen (Noruega), comparou os dados de vários países e concluiu que a taxa de bullying (violência física e psicológica, de forma continuada) é mais alta nos extremos – nos países mais ricos e nos mais pobres. A investigadora, uma das oradoras do seminário ‘Bullying, Violência e Agressividade em Contexto Escolar’, que decorreu em Lisboa, apresentou como justificação para este dado o facto de nos países mais ricos estar enraizada a cultura da “competitividade, de se ser sempre o primeiro, o melhor”, enquanto nos países pobres a elevada incidência de bullying se deve a questões de “sobrevivência entre os alunos”. Portugal ocupa o meio da tabela, pelo que é provável que, com o aumento do PIB, possa subir a taxa de incidência dos casos de bullying.
O seminário reuniu dezenas de profissionais de várias áreas na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (FPCE–UL). Raquel Raimundo, presidente da Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Psicologia, organizadora do encontro, explicou ao CM que o objectivo do encontro foi “tornar mais claro o que é o bullying, quais as causas e como intervir”.
Sónia Seixas, professora e investigadora da Escola Superior de Educação de Santarém, apresentou diferentes estratégias para lidar com os alunos envolvidos em bullying. Deve ser dada atenção a estratégias que “possibilitem uma melhoria da auto-imagem e que melhorem as competências de amizade”. Aos alunos agressivos devem ser introduzidas estratégias de resolução de conflitos não agressivas e dada a “oportunidade de liderança”.
Alguns Estudos Nacionais
Envolvência
Segundo o estudo de Sónia Seixas, da E.S. Educação do Instituto Politécnico de Santarém, 42,2 por cento dos alunos envolvem-se em situações de bullying: 17,9 por cento são agressores, 17,2 são vítimas e 7,1 são vítimas–agressivas.
Apoio Social
De acordo com Susana Carvalhosa, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, as vítimas encontram o suporte social na família e professores e os agressores têm o apoio de amigos, colegas e família. Ambos têm pouco apoio dos colegas.
Perfis
Um estudo apresentado por Ana Tomás de Almeida, da Univ. do Minho, indica que as vítimas são vistas como medricas, tímidas e fracas, ao passo que o perfil dos agressores mostra-os como fortes, orgulhosos e populares entre os colegas.
Fonte:
Correio da Manhã - 11.11.2007Outras Notícias:
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