Cada vez se fala mais na problemática da obesidade. Portugal apresenta uma realidade muito grave e preocupante. Portugal é o país da União Europeia que apresenta a percentagem mais elevada de crianças obesas entre os 7 e 11 anos (mais de 10%), sendo que 30% das crianças portuguesas tem excesso de peso.
O jornal Público tem um fantástico canal temático chamado Peso e Medida. Aborda-se obviamente a influência da alimentação e do exercício físico. O mesmo jornal faz referência a um estudo recente que chega à seguinte conclusão: a obesidade aumenta a probabilidade de abortos espontâneos recorrentes. O Ministério da Saúde tem também informação sobre este tema no seu site.
Depois de uma pesquisa sobre o assunto cheguei à conclusão que em nenhuma parte se refere a importância dos transportes. Ou melhor, a forma como nos deslocamos tem muita influência neste grave problema de saúde pública. Ian Walker faz a mesma pergunta: "porque razão ninguém consegue perceber a ligação e ver o papel dos transportes na resolução do problema?" E acrescenta: "(1) os nossos corpos não foram feitos para o sedentarismo e (2) a maioria das pessoas utiliza hoje em dia o carro em pequenas deslocações. Se as pessoas fizessem estes pequenos percursos a pé ou de bicicleta, isto sim, seria um grande ataque à obesidade."
A maioria das entidades governamentais, media e associações não fala nisto. Não promove modos de transporte mais saudáveis como os transportes públicos, o andar a pé e de bicicleta nas deslocações diárias casa-trabalho ou casa-escola. A maioria não vê a ligação entre uma cultura do automóvel e a obesidade. Tenho esperança que aconteça uma mudança na percepção do problema e nas estratégias de resolução do mesmo. Eu faço a minha parte. Falo aqui sobre o assunto e há 3 meses que me desloco diariamente de bicicleta.